sábado, 30 de janeiro de 2010

Reciclagem - Iniciativas transformam lixo em trabalho e renda em Aracaju

Por Cida Marinho e Junior Santos

A reciclagem - conjunto de técnicas que busca aproveitar o lixo que é descartado - surgiu em meados da década de 1980, quando ficou provado que as fontes de petróleo e outras matérias-primas não renováveis estão se esgotando. Com a possibilidade de poupar os recursos naturais e trazer de volta o que antes era jogado fora, esse processo foi se desenvolvendo, ganhando adeptos no mundo inteiro, técnicas foram sendo aprimoradas, contribuindo para a saúde do planeta, também por diminuir reduzir a quantidade de resíduos nos lixões e aterros sanitários, diminuindo a poluição do solo, da água e dos rios


O processo de reciclagem, apesar dos quase 30 anos de existência, ainda depende de muitas ações para ser considerado bem sucedido. Na cidade de Aracaju, por exemplo, é bastante comum encontrar as lixeiras de coleta seletiva em universidades, supermercados, alguns condomínios e nos residenciais do Programa de Arrendamento Residencial (PAR). Apesar disso, apenas 30% do lixo produzido pelos aracajuanos segue para as cooperativas e projetos de reciclagem, entre elas, encontram-se a Sociedade Ecoar e a Cooperativa dos Agentes Autônomos de Reciclagem de Aracaju (Care).


A Sociedade Ecoar


Responsável pela coleta regular de lixo na cidade, a Torre Empreendimentos criou a Sociedade Ecoar, há sete anos. A Ecoar é uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP), bancada financeiramente pela Torre, que recicla papel usado, transformando-o em objetos que vão desde pastas para congressos a móveis decorativos. Contando com quatro funcionários, sendo um deles voluntário, a instituição faz visita às escolas da cidade, ou vice-versa, divulgando o trabalho desenvolvido e ministrando oficinas de reciclagem, sempre refletindo os cuidados que se deve ter para com a saúde do Planeta e se preocupando com a educação ambiental.

Priscila Silva (foto) é uma das pessoas responsáveis pelo projeto e trabalha na parte administrativa desde 2007. Com um ar delicado e sorriso fácil, mostra-se realmente emocionada com o trabalho que faz. Ela é daquelas pessoas que acreditam que podem mudar o mundo com pequenas atitudes. É ela quem nos guia pelo barracão da Ecoar e mostra com orgulhos os objetos de decoração produzidos nas oficinas. “Aqui os alunos aprendem a fazer o trançado e o papel reciclado”, afirma.

A Torre financia o projeto, mas não é responsável pela coleta dos materiais. Todo o papel é doado por parceiros e torcedores do projeto; quando recebem outro tipo de material reciclado, a Ecoar os repassa à Care - Cooperativa dos Agentes Autônomos de Reciclagem de Aracaju. Segundo Priscila, a Sociedade optou por não trabalhar com outros materiais, pois precisariam de mais espaço, diferentes equipamentos e mais voluntários, o que demandaria uma maior quantidade de investimento financeiro. Através de parcerias com a Fisk Idiomas, a Universidade Federal de Sergipe, através do Cultart, e o Governo do Estado, a Sociedade promove cursos de informática, língua estrangeira e o Educação de Jovens e Adultos (EJA).

A Ecoar abre turmas semestrais e ensina os ofícios da reciclagem do papel contando com o apoio de professores voluntários. O público alvo são os jovens de baixa renda e filhos dos funcionários da Torre. Além das oficinas de papel reciclado, os alunos têm aulas de inglês com professores do curso de idiomas Fisk e material didático cedido pela Torre; dança do ventre no Cultart; e informática com os professores que atuam na EJA. Crianças a partir de seis anos podem procurar a Ecoar para integrar-se em uma turma. Ainda em parceria com a empresa que leciona línguas estrangeiras, esperam abrir turmas de espanhol ainda este ano.
 
Os alunos já produziram até móveis, como um jogo de mesa e cadeiras e um sofá. Para fazer os móveis, eles utilizaram, além do papel, madeira e vidro (foto). Os trabalhos produzidos pelos alunos são bem aceitos e muito procurados. “A gente recebe muita encomenda de pasta para eventos e blocos de papel” afirma Priscila. Os produtos ainda não podem ser comercializados por questões burocráticas. Mesmo assim a Ecoar aceita encomendas antecipadas em troca de matéria-prima, por exemplo. Os objetos encontram-se expostos no galpão de produção, localizado na Rua João Ávila Neto, 195-A, no DIA.


À direita, móveis produzidos pelos alunos da Ecoar, feitos de papel trançado e madeira

Em casa

Quer começar a reciclar? É muito simples e você não vai precisar de inúmeras lixeiras. Veja as dicas:
  • Na cozinha, mantenha uma lixeira para orgânicos e outra para embalagens, frascos e papel.
  • Não desperdice água lavando as embalagens. Com embalagens limpas, você pode armazenar o lixo por mais tempo sem trazer riscos à sua saúde. Ao lavar a louça, deixe embalagens de iogurte e requeijão na pia e use a água de enxágüe para limpá-las. Depois é só secar.
  • Você não precisa separar vidros, plásticos e papéis. Coloque todos juntos em qualquer lixeira de coleta seletiva que as cooperativas farão a triagem.
  • Organize-se! Sugira a seus vizinhos que façam também a separação do lixo orgânico dos recicláveis e avise a uma cooperativa. Eles agendarão a recolha do material.
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