quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Agroecologia - Em busca de uma agricultura sustentável

Por Larissa Ferreira

Muitas vezes conceituada como um tipo de agricultura socialmente justa ou que não causa destruição ao meio ambiente, a agroecologia é um conjunto de técnicas e estilos para uma agricultura sustentável, e de estratégias para o desenvolvimento rural, através da produção e do cultivo de alimentos de forma natural, sem a utilização de agrotóxicos e adubos sintéticos. Além disso, a agroecologia abrange diversos ramos e especificações, como a agricultura biodinâmica, agricultura ecológica, agricultura natural, agricultura orgânica, os sistemas agro-florestais e a permacultura.

Durante os anos 1990, a agroecologia passou a ser bastante difundida. No entanto, os primeiros movimentos em prol de uma agricultura mais saudável vêm desde a Primeira Guerra Mundial, a exemplo da Inglaterra, que implantou a agricultura orgânica, e da Áustria, com a prática da agricultura biodinâmica.

Com o final da Segunda Guerra, no entanto, novos processos nas indústrias químicas e farmacêuticas trouxeram uma “revolução” na agricultura. Para atender ao crescimento populacional, e aumentar a produção, foram criados os primeiros agrotóxicos e adubos sintéticos, bem como a utilização de sementes geneticamente melhoradas.

Em contraposição a essa Revolução Verde, surgiram em vários países movimentos que apoiavam o uso racional dos recursos naturais, a exemplo do Japão (agricultura natural), da França (agricultura regenerativa), dos Estados Unidos (agricultura biológica), além das formas de produção já existentes, como a biodinâmica e a orgânica.

Agroecologia no Brasil

No Brasil, o conceito de agroecologia surgiu através da criação de organizações não-governamentais, no início dos anos 1980. Hoje, esse conceito está presente em todas as regiões do país, principalmente entre as pequenas comunidades e os assentamentos, além de envolver uma enorme quantidade de cientistas, acadêmicos e estudiosos de diversas áreas, como a sociologia e antropologia.


No Paraná, por exemplo, existem 5.300 produtores orgânicos, responsáveis por uma produção anual de 108 mil toneladas, cultivados ao longo de uma área de 3,8 mil hectares. Essa produção de alimentos mais saudáveis e ecologicamente corretos cresce cerca de 20% ao ano, mas o preço dos produtos agroecológicos chega a ser 30% mais caros que os da agricultura tradicional.

Experiência local

Muitas universidades brasileiras possuem projetos na área de agroecologia, como a Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB) com as ações do grupo AGROVIDA (Grupo de Apoio a Agricultura Familiar e Agroecologia); a Universidade Federal de Alagoas (UFAL) com o GAC (Grupo Agroecológico Craibeiras); e a Universidade Federal do Paraná (UFPR) com o GEAE (Grupo de Estudos de Agricultura Ecológica). Na Universidade Federal de Sergipe (UFS), através da união de estudantes de biologia, engenharia agronômica e engenharia florestal, surgiu em 2005, o Espaço de Vivência Agroecológica (EVA).

Apesar de ter como objetivos a realização de estudos de temas agroecológicos, a participação em eventos acadêmicos e científicos, o desenvolvimento de pesquisas e práticas alternativas – como sistemas agroflorestais sucessionais (Saf’s) e hortas orgânicas – além da construção de um novo modelo agrário, o EVA ainda é pouco conhecido na universidade.


Porém, em mais de um ano de existência, o grupo conseguiu uma área no Campus de São Cristóvão para as práticas de plantio, maior número de alunos agregados e um espaço para difundir os conceitos da agroecologia. Além disso, em 2006, o grupo levou para a universidade o “V Simpósio sobre Sistemas Agroflorestais”, em parceria com Embrapa, Petrobrás e UFS. Outro feito foi a oportunidade de apresentar o EVA no 36º Congresso Brasileiro de Estudantes de Engenharia Florestal, em Piracicaba-SP, e a participação no IX Encontro Regional de Agroecologia, que aconteceu em 2007, em Recife.

As reuniões, que no início aconteciam às quartas-feiras no Bambuzal, agora acontecem no EVA  às sextas-feiras – dia escolhido como o “Dia Agroecológico”, com trabalho pela manhã na horta e reuniões à tarde.



Imagem: Blog Movimento Agroecológico MAE

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